Material tem bom desempenho estrutural e estético,além de aprisionar carbono por mais tempo
A madeira tem uma segunda oportunidade na arquitetura e na indústria, depois que seu uso foi relegado a aplicações ornamentais e de decoração, a partir da Revolução Industrial. Especialistas e grandes representantes do setor florestal mundial têm enfatizado o alto grau de desempenho da madeira em termos de consumo energético, além do apelo estético e maiores possibilidades de sustentabilidade em sua aplicação. Ao contrário do que muitos ainda podem imaginar, utilizar madeira para construir estruturas, habitações e móveis é uma atitude altamente ecológica, desde que o material tenha origem e consumo sustentáveis. De acordo com o IDHEA – Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica - sediado em São Paulo, produzir 1 kg de madeira consome 21 vezes menos energia que fabricar a mesma quantidade em cimento. Comparada à quantidade de energia empregada para o a obtenção do plástico ou do aço, a economia ainda pode chegar a incríveis 99%. (veja a tabela)
Material construtivo versátil e competitivo no mundo inteiro e no Brasil, país de forte vocação florestal, a madeira é capaz de agregar valor a produtos em diversos setores, sendo um dos mais promissores da construção civil. Hoje, aspectos como durabilidade, desempenho e custo continuam indispensáveis a qualquer análise de custo/benefício. Porém, um novo fator vem crescendo no mercado: o ambiental. Este é um movimento mundial e certamente irreversível, que decorre da ampliação da consciência dos consumidores para a escassez dos recursos naturais do planeta.
O pesquisador brasileiro Márcio Nahuz, doutor em Ciência e Tecnologia da Madeira pela Universidade de Bangor (Reino Unido), afirma que a sociedade reconhece cada dia mais que a madeira é um material amigável, renovável e que aprisiona carbono, evitando o aquecimento global. “O Brasil anda a passos largos em várias áreas da indústria florestal e o Ministério do Meio Ambiente tem até um programa chamado Produção e Consumo Sustentado, para estimular a sustentabilidade no mercado nacional”, diz o pesquisador.
O Conselho de Exportação de Madeira de Lei Americana (AHEC), que reúne a maior parte dos produtores de madeira de lei americana é um dos grandes organismos do setor de base florestal mundial que incentiva o uso da madeira na construção civil. Com participação e colaboração governamental, o AHEC (sigla para American Hardwood Export Council) o conselho desfruta hoje de bosques americanos 100% sustentáveis, com um inventário florestal que tem duas vezes o tamanho que tinha nos anos cinqüenta. Ambientalmente corretas, as madeiras americanas têm um argumento legítimo para alavancar o crescimento das exportações da madeira dura americana em todo o mundo. Para Michael Snow, diretor executivo do AHEC, “a madeira é um dos recursos renováveis de menor consumo energético no seu processo de industrialização”. Segundo ele, “isso funciona como um eficiente ‘armazém ativo’ de carbono”.
Observador do aspecto mercantil, o diretor do AHEC na América Latina, Luis Zertuche, diz que o é importante dar-se conta de que o uso da madeira americana pode trazer benefícios comerciais em grande escala e alerta: “A primeira coisa a fazer a respeito do tema é livrá-lo de todos os mitos existentes a respeito de sua produção e de seu impacto ecológico”.
Márcio Nahuz também ressalta o favorecimento realizado pelos Estados Unidos em relação à madeira na construção civil. “Esse incentivo é uma grande coisa porque quanto mais se usa madeira, mais carbono se fixa e deixa de se juntar à atmosfera”, explica o pesquisador, que observa algumas vantagens do material. “A madeira deve ser usada porque é renovável, tem apelo estético, nós já conhecemos, sabemos trabalhar com ela e está cheia de pontos positivos”.
Alternativa comercial para o setor de base florestal brasileiro em tempos bicudos para a exportação, a madeira dura americana é um exemplo claro dos novos caminhos que se abrem no mercado sustentável. “As madeiras duras americanas têm aparência extremamente uniforme e podem ser facilmente reconhecidas porque são em número pequeno comercialmente”, comenta Nahuz. “Não vejo nada de mal em um eventual aumento da importação de madeiras americanas pelo Brasil, afinal os Estados Unidos são os maiores compradores da madeira brasileira”, salienta o brasileiro.
A madeira e os outros Consumo de energia para a fabricação de materiais em kWh/kg
Fonte: IDHEA – Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica
Areia, brita, terra e pedra 0,01
Madeira 0,1
Concreto 0,2
Gesso 1,0
Cimento 2,2
Vidro 6,0
Plásticos 10
Aço 10
Alumínio 56
( http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=23765 )